Sousa Tavares ... e os vencidos do APITO ENCARNADO !
MIGUEL SOUSA TAVARES
Os vencidos do apito encarnado
1 Como seria de esperar, Luís Filipe Vieira não perdeu tempo a dizer o que
pensa sobre a consumação total da derrota que ele e o Ministério Público
(MP) encaixaram nos três processos do Apito Dourado instaurados contra Pinto
da Costa. E o que ele pensa é aquilo que era de prever: que uma justiça que
absolve Pinto da Costa não presta, por natureza. Para o presidente do
Benfica, não há que ter qualquer pudor: tanto lhe faz que alguém tenha sido
sistematicamente absolvido ou nem sequer pronunciado em vários processos,
tanto lhe faz a opinião unânime de todos os juízes chamados a pronunciar-se,
tanto lhe faz a própria ideia de Justiça ou de Estado de Direito. Só lhe
interessa o seu isento critério: haveria justiça se Pinto da Costa tivesse
sido condenado; como não foi, tudo isto vale zero e é uma fantochada. Nos
próximos tempos, vamos ver Vieira a percorrer as chafaricas do País
insinuando que Pinto da Costa subornou cinco tribunais e nove juízes para
ser declarado inocente. Mas que outra coisa seria de esperar de quem montou,
de fio a pavio, a mais transparente campanha de manipulação contra um clube
jamais vista?
O Apito Dourado foi a Alfarrobeira do futebol português (perguntem ao João
Gabriel o que foi isso). Com a diferença de que terminou melhor que
Alfarrobeira: desta vez, a inveja dos medíocres não triunfou, apesar da
disparidade de meios em confronto. Mercê de um extraordinário despacho do
sr. Procurador-Geral, ordenando ao MP que recorra em todos os processos que
Pinto da Costa ganhasse (o dr. Pinto Monteiro não paga as custas nem os
custos do seu bolso...), a sentença de Gaia vai ainda ser objecto de
apreciação pela Relação, mas apenas para satisfazer o despeito do dr. Pinto
Monteiro e da dr.ª Maria José Morgado. Mas o Apito está morto — como eu
sempre previ que aconteceria a um processo cuja única fundamentação
assentava na credibilidade de uma testemunha como Carolina Salgado, a par do
desejo de, por esta via, tentar justificar a incompetência com que o Sport
Lisboa e Benfica é gerido há vários anos, permitindo ao sr. Vieira manter-se
no trono que tanto prazer lhe dá.
Chegou a hora de passar ao contra-ataque — que eu espero que o FC Porto não
perdoe — e para o qual dou aqui a minha contribuição, lembrando apenas quem
são os principais vencidos desta suja querela. Ei-los.
LUIS FILIPE VIEIRA — O presidente do SL Benfica foi, como disse, o mentor
principal de todo este embuste. Os objectivos eram desacreditar o mérito dos
êxitos do FC Porto — cuja justiça é visível por qualquer um de boa-fé —, e
dar ao próprio, na secretaria, as vitórias que se revelou incapaz de
conquistar em campo, tentando levar à Europa, pela porta dos fundos e em
prejuízo do Porto, a indigente equipe de futebol do Benfica que por aí se
exibe à vista de todos (domingo, na Reboleira, não fosse mais uma arbitragem
amiga a atrapalhar as contas do dr. Cervan, e lá teriam ficado, muito
merecidamente, mais dois ou três pontitos...). Para tal, nem hesitou em
lançar mão daquela que, em pleno Estádio da Luz e para vergonha dos
portistas, o tinha ido insultar e a quem ele havia destratado como se
lembrarão, numa declaração que fez na altura. Mostrou quais eram os seus
métodos, os seus princípios e a «moralidade» que por aí anda a apregoar. O
episódio da tentativa de entrar à força na Champions, marimbando-se para a
tal verdade desportiva (e contando, para tal, com a prestimosa colaboração
do dr. Ricardo Costa), foi o momento mais negro da história de um clube que
tem inúmeras páginas de reconhecida e justa glória. Vieira foi o autor moral
de três derrotas judiciais exemplares, o frustrado líder de uma conspiração
ditada pela inveja e pela mediocridade. Se tivesse alguma humildade, que
manifestamente não tem, meditava na lição.
CAROLINA SALGADO — A raiva de ter perdido o estatuto de Primeira Dama do FC
Porto, levou-a a um exercício de vingança em que não olhou a meios e em que
não se revelou diferente do que já se sabia que era. Intitulou-se escritora
(do livro de cabeceira do Barbas, que nem sequer escreveu!), inspirou um
filme, posou como ícone sexual para a Max-Man, imaginou-se figura do jet
seis e uma mártir da justiça protegida pelos seguranças da dr.ª Morgado — e
acabou indiciada como perjura. Como disse o advogado de Pinto da Costa, foi
usada, utilizada, abusada. E agora a má notícia: como deixou de ter
utilidade, vai ser deitada fora. Até porque nunca se sabe se alguém não
resolve investigar a fundo as suas motivações outras e não acaba por se
tornar perigosa para quem a inventou.
LEONOR PINHÃO — Felícia Cabrita escreveu no SOL (sem nunca ter sido
desmentida) que, nos primórdios do Apito, Leonor Pinhão se reuniu num hotel
de Lisboa com Carolina Salgado, Luís Filipe Vieira e dois agentes da PJ que
tinham o processo a cargo — uma eloquente reunião que desde logo fazia
prever o tipo de investigação que aí vinha. Desde o início, que a minha
distinta colega de opinião neste jornal assumiu entusiasticamente o papel de
criadora da criatura, indo ao ponto de escrever o guião de um filme baseado
nas verdades da d.ª Carolina que não se preocupou minimamente em confirmar.
O ódio ao FC Porto cegou-a, chegando a escrever aqui que «detalhes» como o
«nexo de causalidade» num suposto crime de corrupção não interessavam nada.
E onde estão as vitórias do Benfica, desde o Apito?
PINTO MONTEIRO — Um dia depois de ter tomado posse como Procurador-Geral da
República, Pinto Monteiro declarou que ia ler o livro de Carolina e abrir
investigações com base no que lá estaria — como se fosse o caso mais
importante que tinha encontrado. Depois, nomeou um dream-team com a missão
única de caçar Pinto da Costa, sem olhar a meios ou despesas. Enfim, na
iminência da derrota total, teve ainda o desplante de declarar que nada
ficaria na mesma depois do Apito, pois tinha conseguido incomodar e
assustar... os inocentes. Nada deveria ficar na mesma, de facto. E,
atendendo não só ao desfecho do Apito, mas ao desastre absoluto que tem sido
a sua gestão à frente do MP em tudo o resto, há uma coisa pelo menos que,
houvesse pudor, deveria mudar: ele próprio.
MARIA JOSÉ MORGADO — A estrela do MP nem por um instante se deu ao incómodo
de fingir que o objectivo do Apito era apurar se havia corrupção no futebol
português. Fixou-se num único alvo e conduziu, contra todas as evidências e
contra todos os deveres da função, uma campanha ad hominem, na qual gastou
milhões de euros aos contribuintes, ancorando-se unicamente no testemunho de
alguém que não lhe poderia merecer credibilidade alguma. E, quando tanto se
fala em pressões e independência dos magistrados do MP, ela obrigou-os a
reabrir processos arquivados, a acusar sem convicção, a recorrer sem
fundamento. No limite, por sua ordem ou não, permitiu que o MP lançasse mão
do mais indecoroso expediente que jamais vi num tribunal criminal, aliciando
uma testemunha da defesa durante o próprio julgamento e arrancando-lhe,
altas horas da madrugada, uma declaração escrita em que dizia que tinha
andado a mentir durante dois anos. Para mim, o prestígio da senhora,
conquistado a duras penas, morreu aqui e com ele afundou-se ainda mais no
abismo onde hoje vegeta o prestígio do próprio MP.
RICARDO COSTA E O CD DA LIGA — Num último acesso de raiva e num tirar
definitivo da máscara, o dr. Ricardo Costa e os seus pares do CD, escolheram
a véspera da leitura da sentença que sabiam que só podia absolver Pinto da
Costa, para se lembrarem de aplicar a Lisandro o mais vergonhoso castigo que
alguma vez saiu da imaginação daquelas descontroladas cabeças. Estiveram à
beira de conseguir tirar da Europa o único clube que prestigia Portugal e
que merece lá estar, condenaram por invocada tentativa de corrupção o
presidente do FC Porto a dois anos de suspensão (e de silêncio!), e tudo com
base em fundamentos e provas que cinco tribunais comuns reduziram a pó e a
má-fé. E agora, dr. Ricardo Costa, o seu belo palavreado pseudo-juridico
também vai decretar que todos os juízes estavam feitos com Pinto da Costa?
Saia, homem: a vida não é a feijões!
2 E, como o futebol se joga no campo, o FC Porto foi a Guimarães, com tudo
contra si (Lisandro castigado pelo dr. Costa pelo crime de ter sofrido um
penalty não assinalado, outros ausentes por cansaço, autocarro apedrejado,
ambiente de intimidação, festival de pancadaria no Hulk (como táctica dos da
casa e perante a complacência criminosa do árbitro), e deu mais um banho de
bola e uma lição de verdade desportiva às pretensões justicialistas dos
Vieiras, Salgados e Morgados, Costas e demais. Ora, chorem.
Hoje à noite, em Old Trattford, a missão é quase impossível, face à maior
potência desportiva e financeira do futebol, campeão europeu e mundial em
título. Mas estes jogadores têm uma fibra e uma coragem para os grandes
momentos que nos levam a acreditar até ao fim. Só espero duas coisas: que o
Helton não ofereça um ou dois golos (já em Guimarães voltou a tentar), e que
o Cristiano Ronaldo de logo à noite seja o da Selecção e não o do
Manchester: aquele que falha golos fáceis, joga pouco ou nada e acha que os
colegas é que atrapalham.
Miguel Sousa Tavares n' A Bola.
2 comentários:
Nem escreves tu qq coisa...Só plagias...
N fazes cu mesmo... LOL
Aparece o nome do autor 3 vezes bem como a proveniencia do artigo, logo nunca seria plágio. Para que é que vou eu dizer algo se outros já o disseram antes e melhor ?
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